quinta-feira, 19 de julho de 2012

PRODUZINDO A MADREPÉROLA

                                              

                        PRODUZINDO A MADREPÉROLA

                        TEXTO BASE – I SAMUEL CAPÍTULO 1


A ORIGEM DA MADREPÉROLA

Alguns moluscos possuem um interessante mecanismo de defesa. Ao se depararem com algum corpo estranho, como um grão de areia, que causa irritação em sua membrana, os moluscos liberam uma substância, visando a calcificação similar a parte interna de sua concha. Esta substância é a principal forma na produção das pérolas cujo tamanho varia de acordo com o tempo de resistência do corpo estranho no animal e das condições climáticas do meio ambiente.

Este interessante mecanismo de defesa destes seres vivos foi dado pelo Senhor na sua infinita sabedoria no processo de criação de todas as coisas. Se o Senhor dotou um mecanismo de defesa tão sofisticado a eles, não entregou nenhuma arma de defesa para nós seres humanos feitos a sua imagem e semelhança?




AS IRRITAÇÕES HUMANAS EM UM RELACIONAMENTO

Muitas são as lutas que o homem passa em seus dias aqui na Terra. Neste artigo, gostaria de focar as muitas lutas, angústias e porque não, irritações que as pessoas passam em um relacionamento.

Um caso bíblico interessante é o de Ana. No capítulo 1 de I Samuel, é narrado em breve palavras a sua história.

Ana era uma mulher casada com um homem chamado Elcana. Este homem possuía uma outra mulher chamada Penina. Neste episódio específico não estamos diante do pecado do adultério, visto que este homem Elcana era polígamo e não adúltero. Ele seguia os costumes legais da época da poligamia, que nada mais era que a permissão para o homem se casar com mais de uma mulher.

Tal costume atualmente pode parecer estranho para nós que vivemos no mundo ocidental, mas em muitos países mulçumanos, tal prática é comum e encontra amparo na lei ainda hoje.

Antes de prosseguirmos com tema deste artigo, frise-se que muitos costumes dos povos antigos como de Israel, eram tolerados pelo Senhor, mas não incentivados, pois na própria lei de Moisés havia uma advertência para o homem não multiplicar o número de esposas, para que seu coração não se desviasse de Deus. Deus tolerava algumas situações como o divórcio ou a poligamia mesmo dentre o seu povo, pois a plenitude dos tempos ainda não havia chegado. Quando Cristo surge não só para Israel, mas para todas as nações, todos os costumes humanos e suas tradições morrem na cruz com Cristo, para que um novo tempo surja, com uma nova lei que é a do amor de Deus através do sacrifício de seu Filho.
Portanto, a poligamia de Elcana era tolerada por Deus, porque Elcana estava debaixo ainda da antiga aliança, e não na atual aliança que é a da graça de Cristo.

Pois bem, Elcana tinha alguns problemas em seu casamento com uma de suas mulheres. O problema? Ele amava mais Ana do que Penina, contudo mesmo com todo seu amor que devotava a Ana, ele não conseguia dar filhos a ela. Penina, ao contrário, possuía filhos da parte de Elcana e usava isto para irritar Ana, pois esta era estéril.

Hoje, na nossa realidade como cristãos não existe – e não pode existir!!! - casamentos simultâneos. Mas mesmo na monogamia cristã atual, um relacionamento pode ser atacada por uma “rival” que será usada pelo inimigo para causar uma irritação nas servas de Deus.

Se a poligamia enquanto instituição não existe mais no meio cristão, o número de “rivais” e “intrometidos” na felicidade de um casal não deixou de existir não é mesmo?
Talvez seja uma lição que podemos extrair através da vida de Ana. Ana era constantemente irritada pela sua rival em virtude de sua esterilidade. Nós somos irritados pelos nossos inimigos naquilo que somos mau-resolvidos.

A esterilidade era vista como uma maldição na época de Ana. Hoje, talvez uma maldição em um relacionamento seja o ciúme. Muitas pessoas, mesmo cristãs, quando iniciam um relacionamento, iniciam às vezes cheios de feridas e inseguranças e o ciúme acaba que aos poucos começa a se manifestar na vida do casal. Quando o inimigo das nossas almas percebe fraquezas em nós como o ciúme, ele naturalmente passa a colocar pessoas ao nosso redor que irão nos tentar nesta nossa fraqueza. Somos provados, tentados e porque não irritados naquilo que ainda somos fracos e mau-resolvidos.
           
Pessoas perversas muitas vezes aparecem em nossas vidas para destruir bênçãos de Deus, como um relacionamento amoroso cristão puro. Mas o inimigo não quer destruir apenas o nosso relacionamento. Ele quer interromper nossa comunhão com o Senhor.

A ESCOLHA DE ANA
           
Ana era constantemente provada pela sua rival. Essa irritação certamente atrapalhava não só seu relacionamento com Elcana, mas também com Deus. O que Ana fez? Ela escolheu não confrontar sua rival humana, mas sua fraqueza. Ana, sabiamente, lutou com o seu real inimigo, a sua fraqueza.

Ela confessou toda a sua limitação aos pés do Senhor que não poderia vencer a maldição da esterilidade. Da mesma maneira, muitos de nós não conseguiremos vencer o pecado do ciúme por nós mesmos, mas pelo derramar do Espírito da graça. Vencendo as nossas limitações, como o ciúme e a insegurança, podemos desfrutar de forma abundante um relacionamento amoroso e uma comunhão plena com o Senhor.

Ana foi a casa do Senhor e buscou a sua face e se humilhou na presença de Deus. Na sua busca frenética, ela foi confundida pelo sacerdote da época, chamado Eli, como uma pessoa bêbada e à toa, visto que sua busca sincera a Deus se diferenciava da busca fingida e falsa do sacerdote Eli.

Mesmo tendo sido chamada de bêbada pelo sacerdote, ela não se rebelou mas humildemente revelou ao sacerdote sua fé e sua fome de encontrar a face de Deus. E o que o sacerdote fez? Veja:

Então respondeu Eli e disse: Vai em paz, e o Deus de Israel te conceda a tua petição que lhe pediste. E disse a ela: Ache a tua serva graça aos teus olhos. Assim a mulher se foi seu caminho e comeu, e o seu semblante já não era triste. I SM 1: 17-18

Ana depois de ter se derramado na presença de Deus, confiou na benção que o Senhor proferiu a ela, através da boca do sacerdote. Ela descansou. Em outras palavras, teve fé. Quem tem fé, se preocupa? Não. Quem tem fé, descansa.

A MADREPÉROLA, O SÍMBOLO DA VITÓRIA DO CRENTE

Ana produziu uma pérola maravilhosa através do seu sofrimento e das lutas em seu relacionamento. Todas as nossas irritações devem ser transformadas em pérolas. A substância que liberamos para “calcificar” nossos sofrimentos é a fé. E neste processo de calcificação produzimos a madrepérola.
O evangelho é comparado como uma pérola de grande valor. Os nossos sofrimentos quando convertidos em lindas pérolas tem muito valor. Podem não ter valor para os homens, mas o tem para Deus.
Mas o que importa se os nossos sofrimentos convertidos em pérolas não têm valor para os homens? As nossas pérolas, que produzimos a duras penas, não são para os homens, mas são para Deus.
O Senhor diz para não darmos nossas pérolas aos porcos. Devemos então dar nossas pérolas a Deus.
No Livro de Salomão de Cantares, o noivo declara a beleza da noiva com o pescoço adornado de pérolas:

“Agradáveis são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço com os colares.” Ct 1:10

O sentimento do noivo pela noiva descrita por Salomão é o mesmo do Senhor pela Igreja, sua noiva amada. O Senhor quer ver sua noiva adornada com pérolas, que nada mais são que símbolos da vitória dos sofrimentos pela fé em Cristo.

Por fim, qual foi a madrepérola produzida por Ana diante dos sofrimentos causados pela sua esterilidade? Ora, foi o nascimento de ninguém menos que Samuel. E em resultado do nascimento de Samuel, Ana o entregou ao Senhor por todos dias, e ele se tornou um grande profeta em Israel e ela, uma grande mulher, referência para todos os cristãos até os dias de hoje.

“Pelo que também ao Senhor eu o entreguei, por todos os dias que viver, pois ao Senhor foi pedido. E ele adorou ali ao Senhor.” I SM 1:28

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